Surgimento
do Reino Tchokwé e o trono de Mwatchissengue-Wa-Tembo
Em
meados do século XVI, na grande migração do povo bantu, retirando-se do
Lundju-nhi-Senga uma área situada entre os lagos Moero e Tanganhica na região
dos grandes-lagos, a caravana era chefiada por um homem chamado Txinhaweji
Nbala-Ngoio, este foi o pai de Mwaku-a-Kesse e Naweji-weji.
Esta
foi a família Real, e era numerosa, o Mwaku-a-Kesse foi o pai do Mwanzanza
Mwaricamonga e Yala-Muaku.
-O
Yala-Mwaku foi o pai de Konde Matete, Nakapamba e Ndondji Tchakala.
-Primeiro
filho de Yala-Muaku chamou-se Konde-Matete.
-Konde-Matete
foi o pai de Tchinguri-txa-Konde, Txinhama-txa-Konde, Lueji-a-Konde e Kalumbo.
-A
Segunda filha de Yala-Mwaku chamou-se Nakapamba.
-Nakapamba
foi a mãe de Txumba-Kalunga, Tembo-Kalunga e Txitxu-txa-Kalunga.
-O
terceiro filho de Yala-Mwaku chamou-se Ndondji-Txakala. Descendência do clã
Mwana-Kafunvu.
INÍCIO DO GRANDE
MOVIMENTO DO ÊXODO TCHOKWÉ
Já
nas áreas de Khalanhi, na atual R.D.C. no ano 1650 morre Konde Matete filho de
Yala-Mwaku e a pulseira (Lukhano) símbolo do poder fica com a sua filha
Lweji-a-Konde, muito nova torna-se Rainha, porque o pai antes da sua morte
tinha confiança nela em relação aos seus filhos Txinguri e Txinhama.
Um
jovem caçador baluba, chamado Txipinda Ylunga apareceu nas áreas de Khalanhi,
região onde se situava a Mussumba quando o império dos seus avós ruía, isto é,
nas mediações do acampamento onde a Lweji-a-Konde era a Rainha,
Alguns
populares preparavam constamente maluvo bebida tradicional extraída de plantas
semelhantes as palmeiras, que se chama (khele) para oferecerem a Rainha, e
sempre que o caçador chegava no local da extração consumia a bebida nos
reservatórios (Izanda) e deixava grandes nacos de carne. Quando foi descoberto
e capturado foi levado junto a Rainha. Após o esclarecimento do ocorrido a
Rainha por sua vez achou o escravo de elegante, decidio que permanecesse no
palácio (Txiphanga), como família e não como escravo.
Pela
tradição a mulher no período menstrual não pode usar a pulseira (lukhano) que
simboliza o poder tradicional. Nessa altura, o homem feito escravo no palácio
(txiphanga) se tornara esposo da Rainha, e no período do círculo mensal o
Lukhano (pulseira) era entregue a txipinda ilunga e a Rainha ordenava que todos
sem exceção o respeitassem como Rei. Esta notícia foi mal acolhida
principalmente pela família Real, como também tinham negado a proposta de
casamento, com o forasteiro txipinda ilunga. Tchinguri-txa-Konde irmão da Rainha
Lweji-a-Konde ambos filhos de Konde-Matete, reuniu algumas famílias que não
aprovaram a decisão da Rainha e retirou-se da Mussumba rumo ao sudoeste
atravessou o rio Kassay,rio Kwango rio Lui foi acampar-se nas portas de Luanda.
Tchinguri veiu a fixar-se definitivamente no alto Lui, e o seu povo espalhou-se
pela região de Kassanje, onde veio a fundar um novo Estado “Os Bangalas”.
Retiraram-se da Mussumba, primeiro
Txinguri-Txa-Konde irmão mas velho da Lueji. Depois a Nakapamba acompanhado por
numerosos grupos incluindo outros partidários de Txinhama-Txa-Konde e de
Kayombo Mundjumba amigos de Txinguri-Txa-Konde. Entretanto, a partida de
Txinguri de Khalanhy, criou divergências entre os Kalundas e outras tribos.
Lweji por sua vez reuniu os carúla (parentes) da linhagem ascendente para ouvir
suas opiniões. Nesse encontro, a sua Tia Nakapamba sugeriu a suana mulunda
(herdeira do estado) naquela altura que mandasse voltar Txinguri, e
prontificou-se a ir busca-lo, Lweji e seu marido concordaram com a ideia.
Lweji-a-Konde apercebendo-se da situação, convocou o povo e disse-lhes “aye kua
tchinguri” o que significa, os de tchinguri acompanhem-no, do termo “aye-kua”
empregue por Lweji pretende-se explicar á etimologia (Tchokwé,
Katchokwé,Tutchokwé) designação aplicada aqueles que partiram da Mussumba nas
peugadas de Tchinguri-Txa-Konde. A retirada dos tchowés na Mssumba foi muni
ciosamente preparada, Foram ponderadas questões logísticas, travessia dos rios,
grupos de avanço, etc., uma operação que levou anos para ser concretizada.
O grupo de avanço foi chefiado por Fota
e tinha a missão de escolher as melhores vias por onde as caravanas podiam
passar. Qualquer obstáculo maior era contornado e os pequenos eram superados
com medidas paliativas. No caso dos rios como Cassai e Liambeji (actual
Zambeze) eram contornados pelas nascentes, ao passo que os outros eram
transpostos através de pontes precárias de pau construídas pelo grupo chefiado
por Nguji. Ao Chitelembe foi confiada a logística, ou seja,
comandar as operações de caça, pesca e recoleção de frutos silvestres para
alimentar a população em marcha.
Ao longo do percurso, que levou muitos
anos, foram criados vários acampamentos de passagem onde permaneciam longos
dias ou meses, para se renovar as energias e depois retomar-se a marcha.
Atingida a outra margem do rio Luau,
depois da caminhada ao longo do rio Cassai em busca da sua nascente, as
primeiras comunidades começaram a se instalar no atual território da Província
do Moxico. Era a caravana encabeçada por Mwamushiko, que foi se
espalhando até atingir o Kamanongue e Luena. Outros foram até Menongue,
província do Kwando-Kubango.
O grosso da caravana seguiu o curso do
rio Cassai em busca da sua nascente, para o atravessarem em direção ao atual
território Tchokwé, Durante a viagem, a Tembo Kalunga segunda filha da
Nakapamba teve um filho que se chamou Kaiombo Ndumba-ya-Tembo. A caravana
chefiada por Kayombo Mwandumba, dirigiram-se as áreas de katacangonhya com o objetivo
de encontrarem o Tchinguri, atravessaram o rio Kwango onde foi encontrado,
puseram-no ao corrente das intenções da Rainha. Tchinguri por sua vez negou a
ideia de regressar a Mussumba porque já tinha encontrado terras livres para
além do rio Kwango, em resposta disse, “ dois leões não podem beber água na
mesma lagoa”. A resposta negativa de Txinguri, fez com que a caravana chefiada
por Mwandumba não regressasse a Mussumba, regressaram novamente atravessaram o
rio Kwango a procura também de novas terras, caminharam e fixaram-se na
cabeceira do rio Kwanza nas áreas de Luma-Kassay, destacando-se definitivamente
a oeste das nascentes dos rios Kwango e Kassay em meados de 1800 a 1874. Na
ocupação total desta parcela do território Tchokwé foram encontrados grupinhos
que desertavam da caminhada do Txinguri, estes grupinhos eram chamados
“Phendes”eram escorraçados pelos Tchokwés obrigando-os a seguirem o seu
patriarca Txinguri e outros foram obrigados a atravessarem o rio Kassay pelo
norte e foram destacar-se no Congo belga na província fronteiriça de txicapa atual
R.D.C. A pós terem fixado nas áreas acima referidas, a família real decidiu
tirar o poder ao Mwandumba para ser atribuído ao Kaiombo Ndumba-ya-Tembo, este
foi tenaz e conhecido como Tchissengue “ Mussengue-wa-Gika”onde o leão fica,
ninguém pode aproximar-se=Mwanangana+Tchissengue=Mwatchissengue-wa-Tembo porque
o fundador deste nome do Mwene-wa-Tchokwé Rei da tribo Tchokwé foi filho da Tembo-Kalunga,
e a Tembo-Kalunga é filha da Nakapamba e neta de Konde-Matete, tal decisão
deveu-se a habilidade na tomada de decisões por parte do sobrinho. Depois de
assumir o poder Mwatchissengue Ndumba-ya-Tembo constituiu o seu estado mas ao
norte, já em terras de Kimbundu no Tchiboco junto do rio Kuchique na serra de
Muzemba na nascente do rio Kassay nas áreas da atual comuna de Luma-Kassay Município
do Dala Província da Lunda-Sul Republica de Angola.
esta e a real historia do reino tchokwe.
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