segunda-feira, 2 de março de 2015

SURGIMENTO DO REINO TCHOKWÉ E O TRONO DE MWATCHISSENGUE-WA-TEMBO

Surgimento do Reino Tchokwé e o trono de Mwatchissengue-Wa-Tembo

Em meados do século XVI, na grande migração do povo bantu, retirando-se do Lundju-nhi-Senga uma área situada entre os lagos Moero e Tanganhica na região dos grandes-lagos, a caravana era chefiada por um homem chamado Txinhaweji Nbala-Ngoio, este foi o pai de Mwaku-a-Kesse e Naweji-weji.
Esta foi a família Real, e era numerosa, o Mwaku-a-Kesse foi o pai do Mwanzanza Mwaricamonga e Yala-Muaku.
-O Yala-Mwaku foi o pai de Konde Matete, Nakapamba e Ndondji Tchakala.
-Primeiro filho de Yala-Muaku chamou-se Konde-Matete.
-Konde-Matete foi o pai de Tchinguri-txa-Konde, Txinhama-txa-Konde, Lueji-a-Konde e Kalumbo.
-A Segunda filha de Yala-Mwaku chamou-se Nakapamba.
-Nakapamba foi a mãe de Txumba-Kalunga, Tembo-Kalunga e Txitxu-txa-Kalunga.
-O terceiro filho de Yala-Mwaku chamou-se Ndondji-Txakala. Descendência do clã Mwana-Kafunvu.

INÍCIO DO GRANDE MOVIMENTO DO ÊXODO TCHOKWÉ

Já nas áreas de Khalanhi, na atual R.D.C. no ano 1650 morre Konde Matete filho de Yala-Mwaku e a pulseira (Lukhano) símbolo do poder fica com a sua filha Lweji-a-Konde, muito nova torna-se Rainha, porque o pai antes da sua morte tinha confiança nela em relação aos seus filhos Txinguri e Txinhama.
Um jovem caçador baluba, chamado Txipinda Ylunga apareceu nas áreas de Khalanhi, região onde se situava a Mussumba quando o império dos seus avós ruía, isto é, nas mediações do acampamento onde a Lweji-a-Konde era a Rainha,
Alguns populares preparavam constamente maluvo bebida tradicional extraída de plantas semelhantes as palmeiras, que se chama (khele) para oferecerem a Rainha, e sempre que o caçador chegava no local da extração consumia a bebida nos reservatórios (Izanda) e deixava grandes nacos de carne. Quando foi descoberto e capturado foi levado junto a Rainha. Após o esclarecimento do ocorrido a Rainha por sua vez achou o escravo de elegante, decidio que permanecesse no palácio (Txiphanga), como família e não como escravo.
Pela tradição a mulher no período menstrual não pode usar a pulseira (lukhano) que simboliza o poder tradicional. Nessa altura, o homem feito escravo no palácio (txiphanga) se tornara esposo da Rainha, e no período do círculo mensal o Lukhano (pulseira) era entregue a txipinda ilunga e a Rainha ordenava que todos sem exceção o respeitassem como Rei. Esta notícia foi mal acolhida principalmente pela família Real, como também tinham negado a proposta de casamento, com o forasteiro txipinda ilunga. Tchinguri-txa-Konde irmão da Rainha Lweji-a-Konde ambos filhos de Konde-Matete, reuniu algumas famílias que não aprovaram a decisão da Rainha e retirou-se da Mussumba rumo ao sudoeste atravessou o rio Kassay,rio Kwango rio Lui foi acampar-se nas portas de Luanda. Tchinguri veiu a fixar-se definitivamente no alto Lui, e o seu povo espalhou-se pela região de Kassanje, onde veio a fundar um novo Estado “Os Bangalas”.

Retiraram-se da Mussumba, primeiro Txinguri-Txa-Konde irmão mas velho da Lueji. Depois a Nakapamba acompanhado por numerosos grupos incluindo outros partidários de Txinhama-Txa-Konde e de Kayombo Mundjumba amigos de Txinguri-Txa-Konde. Entretanto, a partida de Txinguri de Khalanhy, criou divergências entre os Kalundas e outras tribos. Lweji por sua vez reuniu os carúla (parentes) da linhagem ascendente para ouvir suas opiniões. Nesse encontro, a sua Tia Nakapamba sugeriu a suana mulunda (herdeira do estado) naquela altura que mandasse voltar Txinguri, e prontificou-se a ir busca-lo, Lweji e seu marido concordaram com a ideia. Lweji-a-Konde apercebendo-se da situação, convocou o povo e disse-lhes “aye kua tchinguri” o que significa, os de tchinguri acompanhem-no, do termo “aye-kua” empregue por Lweji pretende-se explicar á etimologia (Tchokwé, Katchokwé,Tutchokwé) designação aplicada aqueles que partiram da Mussumba nas peugadas de Tchinguri-Txa-Konde. A retirada dos tchowés na Mssumba foi muni ciosamente preparada, Foram ponderadas questões logísticas, travessia dos rios, grupos de avanço, etc., uma operação que levou anos para ser concretizada.

O grupo de avanço foi chefiado por Fota e tinha a missão de escolher as melhores vias por onde as caravanas podiam passar. Qualquer obstáculo maior era contornado e os pequenos eram superados com medidas paliativas. No caso dos rios como Cassai e Liambeji (actual Zambeze) eram contornados pelas nascentes, ao passo que os outros eram transpostos através de pontes precárias de pau construídas pelo grupo chefiado por Nguji. Ao Chitelembe foi confiada a logística, ou seja, comandar as operações de caça, pesca e recoleção de frutos silvestres para alimentar a população em marcha.
Ao longo do percurso, que levou muitos anos, foram criados vários acampamentos de passagem onde permaneciam longos dias ou meses, para se renovar as energias e depois retomar-se a marcha.

Atingida a outra margem do rio Luau, depois da caminhada ao longo do rio Cassai em busca da sua nascente, as primeiras comunidades começaram a se instalar no atual território da Província do Moxico. Era a caravana encabeçada por Mwamushiko, que foi se espalhando até atingir o Kamanongue e Luena. Outros foram até Menongue, província do Kwando-Kubango.


O grosso da caravana seguiu o curso do rio Cassai em busca da sua nascente, para o atravessarem em direção ao atual território Tchokwé, Durante a viagem, a Tembo Kalunga segunda filha da Nakapamba teve um filho que se chamou Kaiombo Ndumba-ya-Tembo. A caravana chefiada por Kayombo Mwandumba, dirigiram-se as áreas de katacangonhya com o objetivo de encontrarem o Tchinguri, atravessaram o rio Kwango onde foi encontrado, puseram-no ao corrente das intenções da Rainha. Tchinguri por sua vez negou a ideia de regressar a Mussumba porque já tinha encontrado terras livres para além do rio Kwango, em resposta disse, “ dois leões não podem beber água na mesma lagoa”. A resposta negativa de Txinguri, fez com que a caravana chefiada por Mwandumba não regressasse a Mussumba, regressaram novamente atravessaram o rio Kwango a procura também de novas terras, caminharam e fixaram-se na cabeceira do rio Kwanza nas áreas de Luma-Kassay, destacando-se definitivamente a oeste das nascentes dos rios Kwango e Kassay em meados de 1800 a 1874. Na ocupação total desta parcela do território Tchokwé foram encontrados grupinhos que desertavam da caminhada do Txinguri, estes grupinhos eram chamados “Phendes”eram escorraçados pelos Tchokwés obrigando-os a seguirem o seu patriarca Txinguri e outros foram obrigados a atravessarem o rio Kassay pelo norte e foram destacar-se no Congo belga na província fronteiriça de txicapa atual R.D.C. A pós terem fixado nas áreas acima referidas, a família real decidiu tirar o poder ao Mwandumba para ser atribuído ao Kaiombo Ndumba-ya-Tembo, este foi tenaz e conhecido como Tchissengue “ Mussengue-wa-Gika”onde o leão fica, ninguém pode aproximar-se=Mwanangana+Tchissengue=Mwatchissengue-wa-Tembo porque o fundador deste nome do Mwene-wa-Tchokwé Rei da tribo Tchokwé foi filho da Tembo-Kalunga, e a Tembo-Kalunga é filha da Nakapamba e neta de Konde-Matete, tal decisão deveu-se a habilidade na tomada de decisões por parte do sobrinho. Depois de assumir o poder Mwatchissengue Ndumba-ya-Tembo constituiu o seu estado mas ao norte, já em terras de Kimbundu no Tchiboco junto do rio Kuchique na serra de Muzemba na nascente do rio Kassay nas áreas da atual comuna de Luma-Kassay Município do Dala Província da Lunda-Sul Republica de Angola.

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